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PODE UM CRISTÃO PRATICAR ARTES MARCIAIS?
Noticia
Publicado em 06/09/2016

J. Oropeza

Um assunto controvertido no cristianismo de hoje é se um cristão pode ou não praticar artes marciais. Há três pontos de vista básicos. Pra obtermos uma perspectiva sobre este assunto, vamos considerar cada um brevemente.

Primeiro, alguns dizem que, por causa de sua origem não cristã (o misticismo oriental), nenhuma forma de arte marcial deveria ser praticada por cristãos. Entretanto, uma origem não cristã por si só pode ser um fundamento insuficiente para se rejeitar as artes marciais, uma vez que este ponto de vista comete o que chamamos de “falácia genética”. Este erro pressupõe que uma vez que a origem de uma crença ou prática estava errada, sem considerar seu desenvolvimento, ela ainda continua errada até hoje.

De fato, se fôssemos coerentes ao aplicar esse tipo de lógica, nós deveríamos abandonar a astronomia, porque suas raízes encontram-se na prática da astrologia. Cremos que, com política, ao invés de cometermos a falácia genética, seria melhor tentar verificar o quanto de influência as crenças originais podem ter sobre um objeto de discussão, antes de descartá-lo prematuramente.

O segundo ponto de vista afirma que, contanto que o cristão separe os aspectos religiosos (misticismo oriental) das artes marciais, ele pode praticá-las. Para avaliarmos este ponto de vista, precisamos examinar brevemente algumas das principais ramificações das artes marciais.

Aikidô. Aikidô significa “o caminho para a união com a força universal”. Essa força impessoal é conhecida como “chi”. O objetivo do Aikidô é controlar tanto a si mesmo como o ambiente. Ironicamente, esta arte marcial é a mais compatível com o cristianismo no que diz respeito à sua natureza não violenta, contudo – por outro lado – ela está imutavelmente mergulhada no misticismo oriental.

Judô e Jiu-jítsu. O Judô envolve técnicas de agarramento e lançamento ao chão. O Jiu-jítsu concentra-se em travar as articulações humanas e ocupa-se com as maneiras de dar golpes e manobras. Ambas as formas tem uma ênfase espiritual muito fraca.

Karatê. O Karatê envolve meditação que, normalmente, inclui o esvaziamento da mente da pessoa de todas as distrações externas. É nesse ponto que o Karatê torna-se perigoso. Entretanto, uma vez que o Karatê é, primariamente, uma arte marcial física, o aspecto da meditação pode ser separado dele.

Kung Fu. O kung Fu é muito diversificado. Há diferentes estilos de Kung Fu. As formas mais tradicionais seguem de perto às suas raízes filosóficas budistas, enquanto as formas menos tradicionais concentram-se mais nos aspectos físicos. Geralmente, o Kung Fu é mais místico do que o Caratê.

Ninjitsu. De modo geral, o Ninjitsu não é compatível com o cristianismo. Os ninjas tentam assimilarem-se a si mesmos com a natureza a fim de serem mais dissimulados, escondidos. A cosmo visão por trás do Ninjitsu é o panteísmo (tudo é Deus), que contradiz a visão cristã de que Deus não é o universo, mas o Criador do universo (Gênesis 1.1-2).

Tae Kwon Do. O Tae Kwon Do é uma forma de arte marcial orientada para o esporte e o físico. É uma das formas de defesa pessoal oriental mais compatíveis com o cristianismo.

Tai Chi Chuan. O Tai Chi Chuan envolve a prática do taoísmo. Com o objetivo de alcançar o bem estar físico, o praticante de Tai Chi Chuan deve estar harmonizado com o universo ao concentrar-se abaixo da parte central do corpo (o umbigo) – tido como o centro psíquico do corpo. O Tai Chi Chuan não pode ser conciliado com o cristianismo.

Em vista do exposto acima, fica claro que certas artes marciais não podem ser separadas da sua cosmovisão oriental, enquanto outras podem. O Aikido, o Ninjitsu e o Tai Chi são os mais incompatíveis com o cristianismo.

Em última análise, se o cristão vai ou não participar de uma destas artes marciais que podem ser conciliadas com o cristianismo depende em grande parte do instrutor. Se o instrutor promove o misticismo oriental, o cristão deve deixar a escola. Se o instrutor separa a prática da arte marcial da filosofia por trás dela, então o cristão talvez possa, em boa consciência, participar.

Um terceiro ponto de vista é o de que as artes marciais não são compatíveis com o cristianismo por causa de sua natureza violenta. Esta é uma posição legítima pois, muitas passagens na Bíblia falam contra a violência (Mateus 26.52). Entretanto, outros cristãos chamam a atenção para o fato de que, quando Jesus falou com os soldados, ele não disse que um combate fosse moralmente errado (Mateus 8.5-13). Além do mais, Jesus instruiu seus discípulos a tomarem uma espada defensiva com eles na época em que seu aprisionamento pelas autoridades se aproximava (Lucas 22.36). O apóstolo Paulo indica que há um uso legítimo da força pelo governo ao punir os malfeitores (Romanos 13.1-5).

Os versículos acima levaram muitos cristãos a concluir que a Bíblia não condena a autodefesa e que o uso da força, algumas vezes, é justificável. Apesar de apoiarmos este ponto de vista, reconhecemos que o assunto da autodefesa é um daqueles que deve ser determinado pela consciência de cada crente, individualmente.

Recomendamos que o cristão tenha em mente os seguintes fatores, caso resolva praticar uma arte marcial:

Primeiro, o cristão deve estar ciente de que, sendo esta uma área controvertida, ele deve ser cuidadoso para não causar tropeço a um irmão mais fraco (Romanos 14).

Segundo (principalmente para os jovens), o cristão deve resistir à tentação de começar uma briga.

Terceiro, o cristão não deve permitir que uma arte marcial enfraqueça seu compromisso com Cristo (Hebreus 10.25).

Finalmente, o cristão deve orar e examinar sua consciência e seus motivos para se envolver com as artes marciais.

Estes passos assegurarão que o envolvimento de alguém com uma arte marcial seja feito com base numa motivação bem refletida e não com base em motivos fúteis.

Extraído do Christian Research Newsletter, volume 4, Issue 1, p. 6.

ARTES MARCIAIS

São esportes de luta, tais como Karatê, Kung Fu, Tai Chi Chuan, Judô, Jiu-Jitsu e Aikidô, cujo início data de quase 3.000 a.C. A variedade estilos é unificada por um centro espiritual com raízes no taoísmo e budismo. Acredita-se que o monge budista Bodhidharma foi o inventor das artes marciais. O significado religioso dessas lutas está na harmonização das forças da vida (yin e yang) e a habilidade de captar e utilizar o chi. Os mestres das artes marciais são capazes de realizar tremendas proezas físicas. A habilidade de socar ou chutar com grande força física ou de quebrar uma pilha de tijolos com um único golpe é atribuída ao chi. Muitas pessoas que praticam artes marciais fazem-no sem consciência da natureza religiosa de tais esportes, mas apenas com interesse em adquirir um bom preparo físico e capacidade de autodefesa.

Extraído do Dicionário de Religiões, Crenças e Ocultismo. Editora Vida.

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